Na visão do espiritismo, em nenhuma hipótese o suicídio representa alívio ou solução para os problemas. Pelo contrário, agrava-se a situação de quem, pelos mais variados motivos, desperdiçou a oportunidade de aproveitar a existência para avançar na linha evolutiva. Para a doutrina espírita, o desligamento do corpo de um suicida ocorre de forma muito dolorosa.
Na obra clássica “Memórias de um suicida”, romance emblemático psicografado pela médium brasileira Yvonne do Amaral Pereira e cuja autoria é atribuída ao escritor português Camilo Castelo Branco, é mostrado que o sofrimento do suicida não se encerra na sua morte. Se arrasta por anos a fio, às vezes por séculos, e não termina senão com uma reencarnação repleta de sofrimentos causais e dolorosa limitação física. O suicida encontra dificuldades em se afastar do corpo físico logo após o desencarne, gerando grande aflição, pois sofrerá as impressões do que venha a acontecer ao cadáver durante o processo de decomposição da matéria orgânica.
A leitura que a doutrina espírita faz do suicídio é bastante abrangente. Como professa a não existência da morte, ou seja, que o espírito continua vivo do lado de lá, corrobora o fato de que a pessoa que pratica o autoextermínio acredita erroneamente que vai acabar com todo o sofrimento que lhe aflige, mas isso não acontece. O primeiro grande choque se dá quando o suicida percebe-se vivo, descobre que a morte não existe e que a dor que o afligia foi potencialmente agravada pelas consequências de seu ato. Para quem procurava uma solução, o desapontamento é evidente.
Existe ainda uma outra forma de autoextermínio, que o espiritismo denomina de suicídio indireto, que é menos conhecida, como a dependência de fumo e álcool. Suicídio é também tudo que se faz conscientemente para apressar a extinção das forças vitais. Quando o indivíduo compromete a integridade do organismo, precipita consequentemente o seu retorno ao mundo espiritual.
Segundo o livro “Nosso Lar”, psicografado por Chico Xavier, o espírito de André Luiz desencarna mais cedo que o previsto por complicações causadas pelo tabagismo, pela bebida e pelas noitadas. De acordo com a obra, ele passou oito anos padecendo no umbral pela culpa de ter consumido suas preciosas energias vitais de forma tão displicente e irresponsável.
Entre os agravantes do suicídio está o fato de o indivíduo, quando retornar à Terra em novas reencarnações, terá que passar por expiações aflitivas. Joanna de Angelis, no livro “Após a Tempestade”, cita essas consequências: “Aqueles que esfacelam o crânio, reencarnam com a idiotia, surdez-mudez, conforme a parte do cérebro afetada; os que tentaram o enforcamento, reaparecem, com os processos da paraplegia infantil; os afogados, com enfisema pulmonar; os mortos com tiros no coração, cardiopatias congênitas irreversíveis; os que se utilizam de tóxicos e venenos, sob o tormento das deformações congênitas, úlceras gástricas e cânceres”.
O QUE FAZER E COMO AJUDAR
Mas o que podemos fazer para ajudar as pessoas com tendências suicidas? Caso note alguém próximo a você com mudanças no comportamento, exibindo algum dos fatores de risco, como abuso de álcool ou drogas, por exemplo, ou percebe que a pessoa está muito pessimista e desesperançosa em suas falas, o ideal é conversar com ela sobre isso. Fale abertamente sobre o assunto com essa pessoa, mostre que você está interessado. Isso fará com que o pensamento suicida não seja um enorme peso na mente da pessoa. E finalmente, ofereça ajuda, marque uma consulta com um profissional especializado, vá junto, leve a pessoa para que ela se sinta mais confortável em ter alguém de confiança por perto, informe o que se passa a amigos e familiares se for necessário, para que eles também possam dar esse suporte. Muitas pessoas que têm oportunidade de conversar sobre a ideia de se matar percebem que existem saídas melhores e não transformam o pensamento em ação.
Não subestime o poder de uma simples conversa que pode ser oferecida. Ter alguém que demonstre sincero interesse, preocupação e que ajude a encontrar saídas alternativas pode fazer o suicida desistir da morte, mesmo que temporariamente. Isso já dá tempo o suficiente para que se consiga ajuda especializada de profissionais da saúde. Estatísticas apontam que dos que morrem por suicídio, 60% nunca se consultou com um profissional de saúde mental ao longo da vida. Talvez, se tivessem passado por um profissional da área, pudessem ter sido salvos. É importante que estejamos preparados para detectar esses casos e proporcionar auxílio, encaminhando para ajuda profissional.
E se você conhecer alguma pessoa passando por algum momento difícil, é bom buscar saber como ela está lidando com isso. Muitas vezes pode parecer que a pessoa lida bem, mas em seu íntimo há uma grande confusão e sentimentos que não conseguem ser expressados ou compreendidos. Por isso o simples ato de buscar saber como a pessoa está passando por essa fase pode ser libertador e preventivo. Se ela estiver lidando bem com isso, ótimo, ela ainda viu que você se importa, não foi negativo se importar. Mas se ela estiver lidando mal você pode ser o apoio que ela precisava.
Portanto, toda ajuda é bem-vinda para evitar o mal maior. Para isso, é importante que se tomem as seguintes medidas:
- Campanhas em centros espíritas, igrejas, empresas e escolas que problematizem o assunto, de forma leve que desconstrua tabus e facilite a prevenção.
- O incentivo à promoção da saúde mental pública, com grupos de autoajuda nos centros, escolas, associações e outros espaços públicos.
- Ajudar no controle e regulamentação do acesso aos métodos de suicídio mais utilizados (armas, pesticidas, raticidas, etc).
- Utilizar a mídia para campanhas preventivas e não para apenas veicular tentativas de suicídio, tratando o tema de forma sensacionalista.
- Evitar enfatizar apenas métodos empregados por suicidas ou fatos e cenas chocantes, que podem causar horror e reforçar o tabu. O ideal é falar sobre o assunto de forma leve, sempre trazendo à tona meios de prevenção.
Se você conhece alguém que esteja passando por uma situação difícil que pode levá-lo a cometer tal ato, aproxime-se dela com carinho, sem pressionar para que ela reconheça em você um canal aberto ao diálogo! E se, caso esteja passando pela sua cabeça ideias de auto destruição, não guarde isso para si. Divida essa carga com uma pessoa de confiança e procure ajuda. O suicídio NUNCA é uma solução.
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Nunca esmoreças, ante as dificuldades que te surjam no caminho para a vanguarda. Quando estiveres a ponto de ceder à pior rendição de todas - aquela de recusar o dom da vida - detém-te a refletir em Deus que te criou para a sabedoria e para o amor.
(Emmanuel - Aos quase suicidas)
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