O Bom Samaritano. Autoria desconhecida.
Desde 1966, o Brasil oficializou em seu calendário o Dia da Caridade, relembrado a cada dia 19 de julho. Mas o que realmente podemos entender por Caridade?
A palavra “caridade” vem do latim caritate, que significa “Amor de Deus e do próximo”, a partir de caritas, Amor. O Cristo, em sua passagem na Terra, colocou a Caridade como valor maior, o que foi transmitido desde o cristianismo primitivo à Igreja católica que colocou o Amor em sentido amplo como a maior das virtudes que pode alcançar o homem.
Assim, Jesus enunciou, trazendo a luz ao mundo, que devemos amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Toda a lei e os profetas, a partir do anúncio sublime do Mestre, passaram a estar contidas neste ensinamento maior.
Continuando os ensinamentos de Jesus, O Espiritismo desenvolve e aprofunda este conceito, superando a simples oferta material, para consolidar a caridade moral. A caridade material, necessária diante das provas e expiações desta natureza que muitos têm que atravessar neste mundo, nem sempre é suficiente para aplacar as dores humanas, nos ensinando então a doutrina que devemos dar também e além do pão, dinheiro ou agasalho. Devemos nos colocar no lugar do nosso próximo, oferecendo de coração aberto o ouvido amigo, a palavra confortadora, a compreensão no olhar, o amor em forma de doação de si mesmo. Esclarece assim o Livro dos Espíritos na pergunta 886:
886. Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?
— Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições alheias, perdão das ofensas.
E continua São Vicente de Paulo, em resposta à pergunta 888:
“Sede, portanto, caridosos, não somente dessa caridade que vos leva a tirar do bolso o óbolo que friamente atirais ao que ousa pedir-vos, mas ide ao encontro das misérias ocultas. Sede indulgentes para com os erros dos vossos semelhantes. Em lugar de desprezar a ignorância e o vício, instruí-os e moralizai-os. Sede afáveis e benevolentes para com todos os que vos suo inferiores; sede-o mesmo para com os mais ínfimos seres da Criação, e tereis obedecido à lei de Deus.”
A caridade moral, apesar de não custar nada, é difícil de pôr em prática, pois ela precisa nascer de um movimento autêntico de nossa alma. Gestos aparentes e mecânicos, apesar de socialmente aplaudidos, não caracterizam essa doação genuína. Um irmão necessitado pode não deixar de receber o benefício ofertado por nós, mas a caridade moral é redentora, em primeiro lugar, de quem se doa, pois assim está a exercitar o Amor em sua forma mais altruísta, mais próxima de Deus.
Justamente nesse sentido é que Paulo de Tarso, em sua epístola aos coríntios, nos presenteia com este ensinamento em forma pura de poesia, dizendo-nos que nenhum outro dom, ou conhecimento, ou mesmo distribuição da fortuna realmente importam para a nossa identificação com o divino, se não houver em nós o Amor sublime: a caridade. Aqui, o Amor dito por Paulo, ultrapassa as convenções humanas do amor fraternal, de amigos, ou de casal. É o amor ágape, que Jesus traz como a expressão do sentimento incondicional e involuntário, que nada exige para si.
Que possamos refletir sobre a Caridade e exercitar este sentimento em cada um dos nossos pensamentos, palavras e ações.
1ª EPÍSTOLA DE PAULO AOS CORÍNTIOS, CAPÍTULO 13, VERSÍCULOS 1 A 13
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;
Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;
Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.
Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.
1 Coríntios 13:1-13
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